segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Leonardo Da Vinci - Sophie Chaveau (Livro Reserva)

Uma das coisas que mais me interessa na vida é estudar a vida alheia. Não por fofoca ou mera curiosidade, mas porque acredito que conhecendo os traços (positivos e negativos) dos outros, podemos selecionar o melhor e excluir o pior pra nossa existência. Podemos aprender muito com pessoas que vieram antes de nós.

Já li diversas biografias. Fui de enfermeiras a rainhas, mas ainda não tinha estudado plenamente a genialidade. Sim, porque essa é a vida de Leonardo Da Vinci: genialidade pura.

A época em que Leonardo viveu se destacou, entre outras razões, pela disseminação da arte. Ainda assim, acho uma pena que os mais leigos só conheçam Da Vinci pela Mona Lisa. Particularmente, considero que a pintura não foi a maior de suas realizações.

E para aqueles que estão chocados com essa afirmação, dou dois conselhos: visitem o quadro em Paris e leiam o livro.

Eu aprecio a arte, acreditem, mas o cara estudou geologia, anatomia, botânica, astronomia, musica, matemática e arquitetura. Há projetos seus que só foram entendidos há alguns anos atrás e as pessoas ainda se preocupam com o significado do sorriso da Gioconda? Se questionam quanto à ele ter sido membro do Priorado do Sião porque Dan Brown disse que sim? Ah, tenham paciência!

Enfim, algumas amigas minhas brincam comigo dizendo que eu leio essas biografias porque estou estudando para ser gênio. Bom, o livro mostra que ser gênio exige, sim, muito estudo e não somente a genética elevada que alguns consideram importante. À elas, então, eu respondo que apenas acredito que há um lado de Da Vinci que poderia ser bem util à humanidade.


Oscar 2011

Nenhuma surpresa no Oscar desse ano. Inception ficou com os prêmios técnicos e parou por aí, Alice ganhou direção de arte, a única coisa realmente boa no filme e o resto foi para os favoritos. Eu não assisti ao Discurso do Rei, mas queria que o James Franco ganhasse melhor ator. Quanto à Natalie, achei merecido, especialmente porque o filme, de certa forma, fala sobre ela como atriz – ela ganhou o Oscar pela capacidade de fazer o cisne negro pela primeira vez na carreira.
O show sempre vale pelos vestidos; no mais, acho que o Oscar anda ficando chato sem surpresas. Então, pra não chatear mais ninguém com comentários, seguem os vencedores abaixo.

Melhor filme - The King’s Speech
Melhor Ator – Colin Firth (The King’s Speech)
Melhor Atriz – Natalie Portman (Black Swan)
Melhor Diretor – Tom Hooper (The King Speech)
Melhor Canção Original – Toy Story 3
Melhor Edição – The Social Network
Melhor Roteiro Adaptado – The Social Network
Melhor Efeitos Especiais - Inception
Melhor Documentário – Inside Job
Melhor Curta-Metragem - God of Love
Melhor Documentário de Curta-Metragem – Strangers no More
Melhor Figurino – Alice in Wonderland
Melhor Maquiagem – The Wolfman
Melhor Edição de Som - Inception
Melhor Mixagem de Som - Inception
Melhor Trilha Sonora Original – The Social Network
Melhor Ator Coadjuvante – Christian Bale (The Fighter)
Melhor Filme Estrangeiro – In a Better World
Melhor Roteiro Original – The King’s Speach
Melhor Animação – Toy Story 3
Melhor Atriz Coadjuvante – Melissa Leo (The Fighter)
Melhor Fotografia – Inception
Melhor Direção de Arte – Alice in Wonderland

domingo, 20 de fevereiro de 2011


127 horas

Fui assistir ao filme ontem.  Vi ao trailer e a história pareceu boa: uma história real sobre um cara que vai explorar um canyon, cai numa fenda, fica com o braço preso e não tem como pedir socorro porque não disse a ninguém para onde ia. São 127 horas da tensão psicológica que me atraiu para assistir.

No geral, o filme é bastante bom. Quer dizer, 1 ator, uma fenda e uma rocha por duas horas e eu não fiquei entediada! Excelente nesse sentido. Claro, nós vemos mais algumas pessoas porque ele se lembra da família, dos momentos que viveu e dos quais não vai viver porque acha que vai morrer, além de ter visões de como seria o seu futuro se saísse vivo dali. Na verdade, parece com alguma outra história de alguém que também ficou preso sozinho em algum lugar, mas dessa vez foi diferente. Essas idéias, pensamentos, visões que ele tem são desconexas, perdidas na mente confusa e assustada de alguém entre a vida e a morte. A tensão psicológica até aparece, é claro, mas de um jeito novo e um pouco mais realístico, eu imagino.

E, acreditem ou não, se consegue rir durante tudo isso. O cara tem um humor negro ótimo, um jeito meio negação meio depressão de encarar a morte que, embora seja terrível, faz o expectador parar de sofrer e esperar sempre o pior e encarar a coisa com certa conformidade, assim como ele mesmo estava tentando.

Claro, tem a parte do filme que precisa fazer dinheiro. Uma cena particularmente brilhante é o advertising do Gatorade. O cara está lá, a água está acabando, ele começa a guardar a própria urina para beber depois e então ele começa a viajar em pensamentos, atravessando mentalmente o deserto até chegar ao próprio carro onde deixou um Gatorade. E aí a cena corta pra ele podre, sedento e doente e, no outro lado da tela, o Gatorade geladinho, dentro do carro, esperando para ser bebido. Moral do filme? Nunca esqueça seu Gatorade, ele pode salvar sua vida! Muito bem feito, todos os comunicadores deveriam ver pelo menos essa parte e aprender a como divulgar um produto do jeito certo.

Tem uma outra moral: não esqueça nunca seu canivete suíço em casa. Se você precisar amputar o próprio braço, não vai querer fazer o serviço com algo made in China. Sim, porque, claro, pra sair dali vivo, só deixando o braço preso pra trás. Essa é a cereja do bolo. Aliás, uma bem feitinha – pelo menos a parte em que eu estava de olhos abertos para assistir. Claro, como eu esqueci de tampar os ouvidos, deu pra ouvir os gritos agoniados de dor e os ossos quebrando. Tortura. Mas tortura bem produzida, especialmente na parte em que ele tem que cortar os tendões. Terrível.  Não levem seus filhos ao cinema pra isso.

Aliás, falando em razões pelas quais as pessoas não deveriam levar os filhos nem a si próprias pra ver o filme – embora eu tenha falado bem dele até então –, há a verdadeira moral da historia.

Quem não quiser saber o final, pare por aqui.

Bom, depois de ele cortar o próprio braço, ele faz o caminho de volta e é resgatado. Ele sobrevive. Legal até aí, tanto porque eu não assisti ao filme pro cara morrer, quanto porque é realmente satisfatório saber que ele sobreviveu. Ele casa com a mulher com quem ele teve as visões na fenda e tudo! Lindo mesmo, uma história de superação. Ele tem até um filho!

E coloca um gancho no braço amputado pra continuar escalando.

Não, ele não aprendeu nada.

E o pior! Não aprendeu nada e ainda dá o péssimo exemplo pro filho! Sim, porque a moral da história é: continue arriscando estupidamente a própria vida, você vai dar sorte sempre, sobreviver sempre; basta nunca esquecer de avisar para onde vai! Isso mesmo! Inclusive, no final do filme, a gente é até informado que ele continua escalando, mas deixa um bilhete avisando pro caso de precisar de socorro.

Que alma obtusa faz um troço desses? O cara amputou o próprio braço, quase morreu e continua arriscando. E dessa vez ele não está mais sozinho no mundo, ele tem um filho! Uma criança que vai ficar sem pai porque o cara é um suicida (sim, gente, fazer esportes radicais podem ser considerado um comportamento suicida!). Eu quase entenderia a inconseqüência se ele nunca tivesse passado pela coisa toda, porque aí o sentimento de onipotência estaria mais preservado, a ilusão de “isso nunca aconteceria comigo” preservada. Mas não é o caso! Quantos avisos de que isso vai matá-lo ele precisa?

Esse filme é sobre uma pessoa de verdade e possivelmente reflete o caso de várias outras. Honestamente, eu desejo o melhor pra ele e para os demais que arriscam a vida por um pouquinho de adrenalina e algumas imagens bonitas que se acha no Google. Mas parece que ele não deseja o melhor pra si mesmo; não parece que ninguém que segue seu exemplo deseja. Um pouquinho mais de valor à vida faria toda a diferença e talvez não influenciasse tanta gente a quase se matar. Talvez não desse um filme, nem rendesse uma indicação ao Oscar e possivelmente o Gatorade não patrocinaria, mas haveria menos obituários por aí, menos filhos sem pais e bem menos sofrimento.

Bom, talvez um dia...