Harry Potter and
The Deathly Hallows – Part 2
Sim, acabou. Eu estava lá nesta madrugada, na
pré-estreia do filme que simboliza o fechamento da infância de milhares de fãs
ao redor do mundo. E foi mágico!
Emocionantemente
mágico, eu diria. Simbólico em vários sentidos. Um rito de passagem, além de um
ótimo filme. Fui para a fila às 20h e já fiquei atrás de duas dúzias de
pessoas. Atrás de mim, a fila crescia. Gente fantasiada, gente com raio tatuado
na cabeça, gente sentada no chão, gente que estava lá desde de manhã, quando a
fila começou. Loucura? Não. Expectativa. Algumas horas na fila não são nada
comparados a anos de espera. Dez, no meu caso.
Sim, dez anos.
Eu fiquei pensando no que isso representa. Dá pra fazer bastante coisa em dez
anos, não acham? Muita coisa muda em dez anos. Inclusive Harry Potter. Algumas
pessoas não compreendem porque tanto alvoroço. Eu sim. Talvez neste último post
sobre a história de fantasia mais real que eu conheço, seja possível explicar.
Um menino órfão,
maltratado pela família de tios que o acolheram, sentindo-se sozinho no mundo,
descobre que é um bruxo. E vai descobrindo, ao longo dos anos, que é famoso,
poderoso, que pode fazer amigos, se apaixonar... Isso não é mágico? Se para ter
isso, for necessário lidar com inimigos... bem, a vida não é cheia de adversidades?
O que muitos não
entendem, é que não se trata de um simples livro ou filme. Não se trata de uma
historinha para crianças. É uma jornada. Uma jornada de crescimento que
representa o que todos nós já vivemos. Harry Potter é simplesmente a
representação fictícia de cada um de nós. Ninguém passa horas na fila do cinema
para ver um filme. Se passa horas na fila do cinema para presenciar como essa
jornada – a infância e a adolescência – acaba. Para viver isso.
Porque, para
muitos de nós, quando tudo estava desmoronando, bastava abrir um livro e entrar
naquele mundo mágico em que tudo era possível. Bastavam algumas páginas e nada
mais do lado de fora poderia nos tocar. O livro sempre foi o lugar mais seguro.
E se nele era possível lançar alguns feitiços, tanto melhor.
Sobre o filme? Muitas
cenas divertidas, outras empolgantes. Dragões voando, batalhas sendo travadas.
E beijos, claro. Harry e Gina, Rony e Hermione. Cada cena sendo aplaudida e
aclamada. Pré-estréias são boas porque tudo é aceito e vivenciado intensamente.
O filme é bastante
fiel ao livro. Me senti respeitada dessa vez, devo dizer. A cena em que Harry
revê a família foi uma de minhas favoritas. As falas, está tudo igual ao livro.
A cena em que Dumbledore aparece também está boa, embora eu tivesse imaginado
ela mais longa, com algumas pequenas diferenças, especialmente no que se refere
ao pedacinho de alma de Voldemort.
Sobre Voldemort,
achei a morte dele um pouco frustrante. Esperava mais, até porque não ficou
claro, inicialmente, que se tratava da varinha. Harry teve que explicar mais
tarde. Eu acho que uma boa cena se explica sozinha.
A última cena
foi uma grata surpresa. Isso porque eu nunca fui muito fã do epílogo dos “19
anos depois”. Talvez eu mesma precisasse compreender a adultidade melhor para
passar por essa etapa sem revolta. O filme oportunizou isso de uma forma
libertadora. Harry e Gina, Rony e Hermione levando seus filhos para pegar o
trem para Hogwarts. Quando o filho de Harry, Albus, aparece na cena, nos
sentimos como na primeira viagem do próprio Harry.
Eles fizeram um
ótimo trabalho parecendo adultos, tanto a produção como os próprios atores.
Mais do que tudo, ver Harry como pai foi fantástico. Eu nunca tinha valorizado
isso adequadamente até esta madrugada. Foi como crescer finalmente. Abandonar o
refúgio da fantasia e entender que a realidade não é mais tão ruim ou
assustadora. Compreender que a adultidada pode trazer coisas realmente boas,
como amor e maturidade.
Um ótimo fim. E,
melhor ainda, um recomeço.