sexta-feira, 15 de julho de 2011


Harry Potter and The Deathly Hallows – Part 2

Sim,  acabou. Eu estava lá nesta madrugada, na pré-estreia do filme que simboliza o fechamento da infância de milhares de fãs ao redor do mundo. E foi mágico!

Emocionantemente mágico, eu diria. Simbólico em vários sentidos. Um rito de passagem, além de um ótimo filme. Fui para a fila às 20h e já fiquei atrás de duas dúzias de pessoas. Atrás de mim, a fila crescia. Gente fantasiada, gente com raio tatuado na cabeça, gente sentada no chão, gente que estava lá desde de manhã, quando a fila começou. Loucura? Não. Expectativa. Algumas horas na fila não são nada comparados a anos de espera. Dez, no meu caso.

Sim, dez anos. Eu fiquei pensando no que isso representa. Dá pra fazer bastante coisa em dez anos, não acham? Muita coisa muda em dez anos. Inclusive Harry Potter. Algumas pessoas não compreendem porque tanto alvoroço. Eu sim. Talvez neste último post sobre a história de fantasia mais real que eu conheço, seja possível explicar.

Um menino órfão, maltratado pela família de tios que o acolheram, sentindo-se sozinho no mundo, descobre que é um bruxo. E vai descobrindo, ao longo dos anos, que é famoso, poderoso, que pode fazer amigos, se apaixonar... Isso não é mágico? Se para ter isso, for necessário lidar com inimigos... bem, a vida não é cheia de adversidades?

O que muitos não entendem, é que não se trata de um simples livro ou filme. Não se trata de uma historinha para crianças. É uma jornada. Uma jornada de crescimento que representa o que todos nós já vivemos. Harry Potter é simplesmente a representação fictícia de cada um de nós. Ninguém passa horas na fila do cinema para ver um filme. Se passa horas na fila do cinema para presenciar como essa jornada – a infância e a adolescência – acaba. Para viver isso.

Porque, para muitos de nós, quando tudo estava desmoronando, bastava abrir um livro e entrar naquele mundo mágico em que tudo era possível. Bastavam algumas páginas e nada mais do lado de fora poderia nos tocar. O livro sempre foi o lugar mais seguro. E se nele era possível lançar alguns feitiços, tanto melhor.
Sobre o filme? Muitas cenas divertidas, outras empolgantes. Dragões voando, batalhas sendo travadas. E beijos, claro. Harry e Gina, Rony e Hermione. Cada cena sendo aplaudida e aclamada. Pré-estréias são boas porque tudo é aceito e vivenciado intensamente.

O filme é bastante fiel ao livro. Me senti respeitada dessa vez, devo dizer. A cena em que Harry revê a família foi uma de minhas favoritas. As falas, está tudo igual ao livro. A cena em que Dumbledore aparece também está boa, embora eu tivesse imaginado ela mais longa, com algumas pequenas diferenças, especialmente no que se refere ao pedacinho de alma de Voldemort.

Sobre Voldemort, achei a morte dele um pouco frustrante. Esperava mais, até porque não ficou claro, inicialmente, que se tratava da varinha. Harry teve que explicar mais tarde. Eu acho que uma boa cena se explica sozinha.

A última cena foi uma grata surpresa. Isso porque eu nunca fui muito fã do epílogo dos “19 anos depois”. Talvez eu mesma precisasse compreender a adultidade melhor para passar por essa etapa sem revolta. O filme oportunizou isso de uma forma libertadora. Harry e Gina, Rony e Hermione levando seus filhos para pegar o trem para Hogwarts. Quando o filho de Harry, Albus, aparece na cena, nos sentimos como na primeira viagem do próprio Harry.

Eles fizeram um ótimo trabalho parecendo adultos, tanto a produção como os próprios atores. Mais do que tudo, ver Harry como pai foi fantástico. Eu nunca tinha valorizado isso adequadamente até esta madrugada. Foi como crescer finalmente. Abandonar o refúgio da fantasia e entender que a realidade não é mais tão ruim ou assustadora. Compreender que a adultidada pode trazer coisas realmente boas, como amor e maturidade.

Um ótimo fim. E, melhor ainda, um recomeço.