segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Amor e Outras Drogas


Fui assistir o filme estrelado pela Anne Hathaway e pelo cowboy gay. Mais por ela do que por ele, na verdade. É um romance, nada de novidade. Conta a história de duas pessoas que não gostam de compromisso e que se apaixonam uma pela outra. É divertido em alguns momentos e tenta umas pitadas de drama no meio do caminho. Eu, particularmente, achei uma propaganda descarada de um laboratório que, certamente, patrocinou todo o filme.

A história é sobre ele – na verdade é sobre a Pfizer, mas não é pra ninguém saber, então não espalhem! -, que perde o emprego por transar com a namorada do chefe e se torna representante de um laboratório que produz, entre outras coisas, antidepressivos. No início, as coisas não vão muito bem, então ele a conhece e eles decidem ser o “buddy call” um do outro. Tudo vai indo muito bem enquanto eles vão se apaixonando.

E aí lançam o Viagra.

Sim, vocês leram bem, eu disse “Viagra”.

Essa parte eu achei brilhante. O filme se passa na época em que a “drug of sex” foi inventada. O cara compra uma Ferrari com a comissão que ganhou por causa das prescrições que conseguiu do medicamento! É um frenesi, todo mundo quer comprar. Os médicos que não davam nenhuma atenção ao similar do Prozac que ele costumava mostrar correm atrás dele por causa das pílulas azuis. Pra ele, nada poderia ser melhor. Eu, particularmente, não poderia ficar mais enojada com a podridão da saxão farmacêutica que foi apresentada.

Enojada porque é, provavelmente, a verdade.

Mas voltando ao filme... Quando ele está rico e já tem até coragem de dizer que a ama, começa o drama. Ela tem Parkinson, o que significa que, eventualmente, vai ser dependente dele. Essa parte é dramática porque é verdade. De fato, eu achei bem sucedida a idéia de inserir a “causa” no filme. Essa temática não é muito comum.

No fim, obviamente, ele decide que não se importa em ter que limpar a bunda dela no futuro porque ele a ama.

Eu lamento pelo comentário anterior, mas eu não o faria se, no filme, essa frase não tivesse sido dita praticamente com essas palavras. Eu achei terrivelmente ultrajante, até perceber que poderia ser a dura realidade. E isso não fez parecer menos ultrajante. Por isso eu disse que a inserção da “causa” foi bem sucedida.

Agora, é fácil fazer um filme assim, mostrando que ele a ama tanto que não se importa com o que acontecerá no futuro contanto que estejam juntos. Claro, no filme, o futuro não aparece! Eu queria que, pelo menos uma vez, eles mostrassem o futuro, pra variar. No filme, eles tentaram dar uma idéia de como seria e o que aconteceu foi que o cara saiu correndo duas cenas mais tarde. E aposto que seria uma se eles tivessem que editar.

Quero dizer, um romance é sempre bom pra dar um pouco de esperança para o público. Um dos meus professores uma vez me disse que as pessoas mais felizes são aquelas mais iludidas. E o tom dele ao dizer isso não tinha nada de sarcástico.

Mas romances existem? A vida real teria alguma coisa a ver com o que o cinema insiste em projetar? Ou o “felizes para sempre” é apenas a ilusão que impede que alguns de nós precisem usar o Prozac e as pílulas azuis?

E mais importante: queremos ser iludidos felizes ou realistas deprimidos? Existe um meio-termo?


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Golden Globe 2011

A essa altura vocês já devem ter percebido que eu passo boa parte do meu tempo livre assistindo filmes e séries, não? Assim, o mais natural é que eu tenha tirado uns minutinhos da vida pré-entrega de dissertação de mestrado pra assistir ao Golden Globe.

Então, sem mais delongas, seguem os vencedores desta noite. A lista abaixo está em vários sites, inclusive no Omelete. Para visualizar, clique aqui.

Tenho alguns comentários aqui. Claro que, a essa altura, vocês também devem ter percebido que eu sempre tenho algo a dizer. Esse ano, no geral, fiquei satisfeita.

Vamos começar com Glee. Eu aprovo cada uma das indicações e dos vencedores. Eles ganharam três das cinco categorias para as quais foram indicados e merecem cada uma dessas vitórias- incluindo melhor série de comédia! E os prêmios para a Sue e Kirt me deixaram simplesmente muito alegre. Agora, porque eles perderam as outras duas categorias?

1- Por que o Jim Parsons (The Big Bang Theory) faz um Sheldon impecável e muito melhor que o Will de Mattew Morrison (Glee). Suponho que o papel de gênio com Asperger seja mais propício à qualquer prêmio do que o professor do coral, de qualquer forma.

2- Porque alguém achou que a Laura Linney (The Big C) era melhor que a Lea Michele (Glee).

Isso me leva a outro comentário. Eu vejo The Big C. Foi meio relutante meu posicionamento de começar a assistir, pra ser honesta, mas o humor negro me atraiu, admito. Eu gosto da Laura Linney, o que ajudou na decisão, mas estou longe de apoiar a idéia de que ela é melhor que a Rachel de Lea Michele! Na série, ela não faz nada muito diferente do que fez em seus outros filmes. A atuação é boa, mas não é digna de prêmio! Eu fiquei surpresa de ela ter sido indicada! De fato, acho que nem ela achou que ia ganhar, porque nem apareceu na premiação...

Agora, mesmo que eu não tenha assistido a nenhuma das produções cujas atrizes vou citar a seguir, acho extremamente ofensivo que a Claire Danes (a quem eu realmente, realmente admiro e torço por) vença uma disputa em que a outra concorrente seja a Judi Dench. Simplesmente inaceitável. A simples existência de uma acaba com as chances da outra, não importa em que contexto!

Mas tudo bem, fiquei mais conformada depois que vi que existe justiça num mundo em que o Johnny Depp – outro dos meus favoritos – foi indicado para o mesmo prêmio por duas produções diferentes – 2 chances em 5 – e perdeu! A punição ideal por concordar em fazer um filme com a Angelina Jolie – que, aliás, estava particularmente linda essa noite. Só teria sido mais perfeito se tivesse perdido pro Kevin Spacey. Haha, já imaginaram?

Os meus ganhos pessoais desta noite foram Rede Social vencer por melhor filme e a vontade que me deu de ver Black Swan. Quer dizer, eu adoro a Nathalie Portmann (sem razão nenhuma, porque como atriz ela é ótima bailarina), mas qualquer filme que dê a ela uma estatueta precisa ser um milagre!


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Lembra de Mim - Sophie Kinsella (Livro Reserva)

Oi, pessoal! Feliz 2011!!!

Bom, como relatei em meu último post – no ano passado :P -, entrei no Desafio Literário 2011 (mais por precisar regrar minhas leituras do que por achar que eu realmente tenho a chance de algum prêmio). Enfim, o primeiro item da lista, para janeiro, eu já li – aproveitei os primeiros e poucos dias de férias que eu tive pra isso.

Sophie Kinsella é bem conhecida, especialmente agora que seu livro “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” chegou aos cinemas. Eu já havia lido todos os livros da autora, inclusive o último “Twenties Girl”, que eu comprei em Londres quando havia acabado de ser lançado por lá (lançamento, £3,99 – dá pra acreditar?). No Brasil, só chegou há alguns meses. Porém, a sinopse de “Lembra de mim” não havia me atraído muito, de forma que fui adiando a leitura e já que o tema de janeiro é “literatura infanto-juvenil”, decidi ler o único livro da autora em que ainda não tinha posto meus olhos.

Segue, abaixo, então, a resenha. Enjoy!


Lembra de Mim - Sophie Kinsella (Livro Reserva)

A história fala de Lexi, uma jovem de 28 anos que sofre um acidente de carro e perde a memória de seus últimos três anos de vida. Quando ela acorda no hospital, sua última lembrança é de 2004 (o livro é de 2007) quando ela tinha dentes tortos, um emprego mau valorizado, cabelos sem brilho, amigas fieis, um namorado idiota, unhas roídas e alguns quilinhos a mais. Ao acordar, ela tem um marido milionário, um cargo importante no trabalho, unhas e cabelos belíssimos e um corpo perfeito.

Passamos algumas dezenas de páginas achando, aquela, a vida dos sonhos e como o gênero de Sophie Kisella sugere, a gente começa achar que deve haver algo de muito errado com tudo. Descobrimos, então, que ela é a “chefa” mais detestada que existe, perdeu as amigas e que seu marido é quase como um utilitário, tem até manual de instrução – literalmente. Ah! E ela tem um amante.

Sim, um amante lindo, romântico que vira tudo de pernas pro ar – exatamente como deveria ser.

Entre idas e vindas e todo o desespero que cada um das obras da autora incita, Lexi luta para encaixar sua vida e encontrar suas memórias, com muita dificuldade. Não vou contar se ela recupera as lembranças ou não, mas devo dizer que gostei do final.

Acho que a maior mensagem do livro é que nenhuma vida dos sonhos é completa se você não se reconhece dentro dela. Por mais difíceis que sejam as coisas, precisamos estar de acordo com o que somos porque, no fim das contas, é isso que vale, não é? Teremos que conviver conosco pra sempre! Então, o ideal é que sejamos a melhor versão de nós mesmos.