domingo, 20 de novembro de 2011


Criatividade*

Criatividade é algo interessante. Um belo dia, na universidade, dois amigos resolvem criar uma rede de comunicação entre os colegas para combinar coisas e fazer mais amigos. Um ano mais tarde, a história do Facebook já virou filme em Hollywood. Em outro país distante, uma mulher sentada em um trem para Edimburgo começa a pensar em uma história cheia de crianças que podem fazer coisas extraordinárias em uma escola de magia. Dali a pouco, eu mesma coloco um chapéu de bruxa e vou ao cinema na estréia de Harry Potter – carregando amigas desavisadas comigo!

Criatividade é algo realmente interessante. E deixa as pessoas ricas!

Quem me conhece sabe que, um dia, talvez daqui há alguns anos, quando eu tiver tempo e dinheiro suficiente para tirar um ano sabático, eu ainda vou escrever um livro. Quem me conhece também sabe que eu gostaria muito que esse futuro livro vendesse bastante – não porque eu quero ser famosa ou qualquer coisa do tipo, mas porque eu adoraria ganhar dinheiro para só ficar escrevendo.

Essa idealização tanto me empolga quanto me apavora, uma vez que, quanto mais eu leio, mais descubro que muita coisa já foi escrita. Aliás, essa é a pergunta da vez: o que ainda não foi pensado? O quanto, realmente, hoje, nós conseguimos ser originais e/ou criativos? Criatividade, em minha opinião, não se trata de inventar algo completamente novo, que nunca foi visto, original. Trata-se de pegar aquilo que não é tão novo e transformar em algo diferente do que já foi visto.

Vamos, primeiro, com o básico: livros. Não existe nada melhor do que uma história interessante. Mas aí, se analisarmos, quantos dos livros interessantes que lemos são originais? Eu diria muito poucos – provavelmente os mais antigos. Criativos, temos mais.

Vampiros. Um assunto mais antigo que eu mesma. Nosferatu, Conde Drácula, todos extremamente originais em uma época em que isso não havia sido visto. Hoje, colocamos esses mesmos sujeitos no Hight School, adicionamos um pouco de glitter e temos Crepúsculo.

Aliás, coloque qualquer coisa no Hight School, some alguns apetrechos e vai se vender mais que água. Harry Potter nada mais é do que um monte de histórias antigas compiladas e torcidas em uma história de heroísmo e orfandade. Original? Não. Criativo? Talvez. Interessante? MUITO! Hight School Musical é uma facada em todos aqueles que amam o Fantásma da Ópera. Alguém resolveu colocar crianças cantando e pronto: temos um sucesso de bilheteria e um monte de atores ruins bem remunerados.

Saindo dos filmes e indo para as séries, é interessante como a criatividade vai caindo. Isso porque eles pararam de colocar coisas antigas em um novo contexto e começaram a simplesmente misturar uma coisa com a outra. Esses dias eu estava falando com uma amiga sobre Haven, uma séria baseada em um livro do Stephen King que trata sobre uma policial que tenta desvendar misteriosos acontecimentos em uma cidadezinha em que as pessoas são “trouble”. Ela, por acaso, é imune aos “troubles” e por isso mesmo consegue ajudar. Quando comentei isso com a minha amiga, ela simplesmente disse “tem certeza que tu nunca viu isso antes? A menina que é imune aos poderes alheios e uma cidade cheia de gente com poderes?... É uma mistura de Smallville e Crepúsculo!”.

Fato. Depois disso comecei a analisar outras séries. Comecei a assistir Terra Nova, uma novidade nesta temporada de estréias que fala sobre uma civilização do futuro que volta ao passado para ter melhores condições de vida, uma vez que o planeta está destruído no ano que eles vivem. Eles voltam 85 milhões de anos. O troço é uma mistura de Lost e Parque dos Dinossauros.

O que me leva a mais apavorante pergunta: Será que ainda veremos uma nova idéia brilhante por aí? Alguma coisa do tipo quando eu tinha 10 anos e meus pais chegaram em casa com um objeto pesado, grande e preto escrito “Mottorola”, que prometia ser um telefone sem fio que poderia ser usado bem longe de casa. Nossa, o “tijolão” era caro e uma revolução tecnológica. Será que alguém mais vai pensar em algo assim, que nos empolgue, que nunca tenhamos visto em lugar algum?

Eu gostaria muito de dizer sim e pensar que talvez isso seja meu livro e não mais uma rede social que faça um nerd ficar bilhonário e ter sua história indicada ao Oscar, mas tenho minhas dúvidas. Quer dizer, nossos pais pegaram uma época em que tudo era original. Enquanto na infância e adolescência, nós vivenciamos a parte criativa e agora que o Steve Jobs morreu restará às próximas gerações as novelas e imitações de IPhone.

O que será que pode reverter esse fluxo?


*Este port foi originalmente criado para o espaço "Olá, vizinho!", do site da minha querida amiga Cristina Tronco. Confiram o blog dela! http://atelierdatininha.blogspot.com

sexta-feira, 23 de setembro de 2011


20 coisas sobre Buenos Aires (que eu aprendi nesta segunda passagem pela cidade)

A primeira vez que viajei para Buenos Aires foi com 15 anos, quando estava na escola, em uma excursão. Agora, como viajante independente (pfff!) e com a excelente desculpa de que eu TINHA que apresentar um trabalho em um congresso, surgiu essa segunda oportunidade.

Seguem 20 coisas que descobri com a experiência.

  1. Uma viagem sem toda a sua turma da escola dentro de um ônibus é bem mais produtiva.
  2. Conhecer uma cidade aos 15 anos e depois aos 24 é realmente interessante.
  3. Não é possível ir a um Congresso Mundial e conhecer a cidade – em geral, se opta pela cidade.
  4. A rua Florida é mto legal!
  5. Não é possível comer por menos de 25 pesos a não ser no McDonald’s.
  6. Comprar coisas na rua é muito divertido!
  7. O Caminito continua fedido.
  8. A flor de metal continua isso: uma flor de metal
  9. O museu de Belas Artes é fabuloso!
  10. O túmulo da Evita é escondido (não, eu não fui da primeira vez que viajei para Buenos Aires –aparentemente, adolescentes de 15 anos não devem ser levados a cemitérios).
  11. Transporte público funciona e pode ser barato.
  12. O sistema de metrô – ou Subte)  - consegue se parecer e muito com o de Londres.
  13. Hostels são legais até na America Latina.
  14. É possível assistir Tango de verdade no meio da rua.
  15. Argentinos adoram buzinar.
  16. Argentinos acham que podem ter a mulher que quiserem.
  17. Argentinos fumam demais.
  18. A Starbucks continua brilhante (e cara!).
  19. Buenos Aires tem a maior avenida do mundo(!)
  20. Nada no mundo se compara à sensação de pagar a metade do preço de tudo (viva a valorização do real!).

sexta-feira, 15 de julho de 2011


Harry Potter and The Deathly Hallows – Part 2

Sim,  acabou. Eu estava lá nesta madrugada, na pré-estreia do filme que simboliza o fechamento da infância de milhares de fãs ao redor do mundo. E foi mágico!

Emocionantemente mágico, eu diria. Simbólico em vários sentidos. Um rito de passagem, além de um ótimo filme. Fui para a fila às 20h e já fiquei atrás de duas dúzias de pessoas. Atrás de mim, a fila crescia. Gente fantasiada, gente com raio tatuado na cabeça, gente sentada no chão, gente que estava lá desde de manhã, quando a fila começou. Loucura? Não. Expectativa. Algumas horas na fila não são nada comparados a anos de espera. Dez, no meu caso.

Sim, dez anos. Eu fiquei pensando no que isso representa. Dá pra fazer bastante coisa em dez anos, não acham? Muita coisa muda em dez anos. Inclusive Harry Potter. Algumas pessoas não compreendem porque tanto alvoroço. Eu sim. Talvez neste último post sobre a história de fantasia mais real que eu conheço, seja possível explicar.

Um menino órfão, maltratado pela família de tios que o acolheram, sentindo-se sozinho no mundo, descobre que é um bruxo. E vai descobrindo, ao longo dos anos, que é famoso, poderoso, que pode fazer amigos, se apaixonar... Isso não é mágico? Se para ter isso, for necessário lidar com inimigos... bem, a vida não é cheia de adversidades?

O que muitos não entendem, é que não se trata de um simples livro ou filme. Não se trata de uma historinha para crianças. É uma jornada. Uma jornada de crescimento que representa o que todos nós já vivemos. Harry Potter é simplesmente a representação fictícia de cada um de nós. Ninguém passa horas na fila do cinema para ver um filme. Se passa horas na fila do cinema para presenciar como essa jornada – a infância e a adolescência – acaba. Para viver isso.

Porque, para muitos de nós, quando tudo estava desmoronando, bastava abrir um livro e entrar naquele mundo mágico em que tudo era possível. Bastavam algumas páginas e nada mais do lado de fora poderia nos tocar. O livro sempre foi o lugar mais seguro. E se nele era possível lançar alguns feitiços, tanto melhor.
Sobre o filme? Muitas cenas divertidas, outras empolgantes. Dragões voando, batalhas sendo travadas. E beijos, claro. Harry e Gina, Rony e Hermione. Cada cena sendo aplaudida e aclamada. Pré-estréias são boas porque tudo é aceito e vivenciado intensamente.

O filme é bastante fiel ao livro. Me senti respeitada dessa vez, devo dizer. A cena em que Harry revê a família foi uma de minhas favoritas. As falas, está tudo igual ao livro. A cena em que Dumbledore aparece também está boa, embora eu tivesse imaginado ela mais longa, com algumas pequenas diferenças, especialmente no que se refere ao pedacinho de alma de Voldemort.

Sobre Voldemort, achei a morte dele um pouco frustrante. Esperava mais, até porque não ficou claro, inicialmente, que se tratava da varinha. Harry teve que explicar mais tarde. Eu acho que uma boa cena se explica sozinha.

A última cena foi uma grata surpresa. Isso porque eu nunca fui muito fã do epílogo dos “19 anos depois”. Talvez eu mesma precisasse compreender a adultidade melhor para passar por essa etapa sem revolta. O filme oportunizou isso de uma forma libertadora. Harry e Gina, Rony e Hermione levando seus filhos para pegar o trem para Hogwarts. Quando o filho de Harry, Albus, aparece na cena, nos sentimos como na primeira viagem do próprio Harry.

Eles fizeram um ótimo trabalho parecendo adultos, tanto a produção como os próprios atores. Mais do que tudo, ver Harry como pai foi fantástico. Eu nunca tinha valorizado isso adequadamente até esta madrugada. Foi como crescer finalmente. Abandonar o refúgio da fantasia e entender que a realidade não é mais tão ruim ou assustadora. Compreender que a adultidada pode trazer coisas realmente boas, como amor e maturidade.

Um ótimo fim. E, melhor ainda, um recomeço.



sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Casamento Real

Embora meu post anterior tenha criticado uma série de problemas sobre as bodas, devo admitir que organizei parte da minha manhã para assistir ao casamento real. Os compromissos do início da manhã não puderam ser adiados, então não tive como assistir à cerimônia, mas logo que me livrei deles, corri pra casa a tempo de acompanhar os noivos abanando no balcão, ao lado da Rainha.

Aliás, falando em Rainha, aqueles que apostaram - no bolão da casa de apostas britânica - que o chapéu da Rainha seria amarelo, acertou. Amarelo-ovo, eu diria. Pena que o sol não apareceu para combinar com os trajes. Vossa Majestade estava ótima, como sempre. Ficou uns minutinhos ao lado do neto e depois decidiu voltar para dentro de casa - o palácio - onde o almoço que ofereceria aos convidados estava sendo preparado.

Eu estava assistindo a transmissão do casamento pelo único canal de TV que encontrei. As apresentadoras estavam - imaginem só - chocadas porque eles estavam servindo champagne e que a típica cerveja inglesa estava fora do menu. Ora, só apresentadora brasileira pra fazer esse tipo de comentário! Imaginem se Vossa Majestade permitiria que uma bebida tão pouco elegante dividisse as atenções com Pol Roger. Seria, no mínimo, embaraçoso.

Mas voltando ao casamento, devo dizer que foi o mais digno da realeza que tivemos nesses últimos tempos. Não só pela organização e cobertura - quase tolerável - da imprensa em geral, mas porque a Princesa Catherine - como devemos chamá-la agora, ao invés de Kate - tem a postura de uma lady. Discreta, elegante e carismática, como exigido à realeza. Embora eu questione a necessidade da existência da instituição monárquica nos dias de hoje, uma vez que ela existe e Catherine decidiu casar-se com um membro da família real, deve portar-se como tal.

A parte diferente está no fato de que, desta vez, essa cerimônia pareceu fruto de amor verdadeiro. Eu sei, a expressão é cafona, pra dizer o mínimo, mas vamos admitir que este é conto de fadas que muitas moças já sonharam em viver. A monarquia nunca antes assumiu casamentos por amor. Pelo contrário, a expressão matrimônio tem relação com outra: patrimônio, que sugere que o casamento deveria ser realizado para que a mulher se unisse à alguém com patrimônio para mantê-la e aos filhos, além de representar muito mais interesses de família e geopolíticos do que afetivos. A idéia de casamento por amor surgiu muito depois que o casamento se consolidou e de tal forma, que as pessoas se esquecem para o que a cerimônia foi criada originalmente.

E Kate surge para quebrar o protocolo. Com fantasma de Diana viajando pelos jornais, o questionamento a Willian sempre foi se seu casamento seria tão falso e infeliz como foi de seus pais. Felizmente, parece que este protocolo também caiu por terra. Os noivos parecem felizes e apaixonados. Como um conto de fadas.

Eu ainda acho a idéia de casar formalmente uma incoerência tão grande que prefiro deixá-la para outro post. Ainda assim, sou partidária da filosofia do "dos males, o menor". Se for casar, case com alguém que ame de verdade. Talvez o estrago não seja tão grande se for assim. No caso de Willian e Kate, parece que surge aí uma nova esperança para todas aquelas plebéias que gostariam de ser princesas. A elas, eu peço que não desanimem. O príncipe encantado pode aparecer a qualquer momento e o Harry ainda está solteiro.

domingo, 13 de março de 2011


Sobre bodas de casamento

Recentemente fui comprar um presente de casamento e, ao lado do balcão que distribui a lista de presentes dos noivos, havia um quadro com o nome das bodas comemoradas a cada ano que a relação sobrevive. Bom, isso definitivamente merecia um post.

Não me entendam mal, eu acho a idéia de manter uma relação estável muito atraente, embora dispense assinar qualquer papel. E por mais que eu ache que passar todos os dias com uma única pessoa mereça constante comemoração, quem inventa o nome pra isso?

Serio, a lista vai até os 100 anos! Quem comemora 100 anos de casado? Bodas de Jequitibá! Por favor! A pessoa teria que ter o que? 120 anos? Pior! O CASAL teria que ter 120 anos. Existem umas duas pessoas no planeta com essa idade e, ironicamente, nenhuma delas jamais foi casada. Talvez esse seja o segredo da longevidade, não? Nada de alimentação saudável e malditos exercícios, afinal...

Agora, quem inventou a lista não pensa direito. Quem comemora 50 anos tem bodas de Ouro. 72 anos são bodas de Aveia. Aveia! As criaturas se agüentaram por 72 anos e ganham aveia? Quem viveu por míseros 50 anos já ganha ouro, que história é essa? O prêmio tinha que aumentar com o tempo!

Outra injustiça: 3 anos, bodas de couro. 20 anos depois, tudo que se ganha é palha! Palha! Imaginem o convite: “João e Maria convidam os entes e amigos queridos para a comemoração de suas bodas de palha”.

Ah, por favor! Isso só mostra, mais uma vez, a indústria capitalista e sem nexo que é o matrimônio. O amor, eu entendo, é lindo e provavelmente uma das poucas coisas que realmente vale à pena nessa existência difícil que é a nossa. Agora, fazer disso uma festa de rótulos é um absurdo.

Ainda assim, visto que eu ando freqüentando cada vez mais casamentos a medida que minha idade avança, resta-me apenas desejar boa sorte aqueles que pretendem comemorar bodas de argila daqui a 52 anos.


Para ver a lista completa de bodas, clique aqui

quarta-feira, 9 de março de 2011


As coisas fáceis dos dias de hoje

Há alguns dias venho pensando a respeito deste assunto. Já repararam como tudo é fácil hoje em dia? Mesmo o Brasil sendo um país “em desenvolvimento”, ultimamente, parece que tudo tem ficado mais simples.
Comprar coisas é mais fácil. Esses dias eu descobri que meu supermercado entrega em casa. Não preciso mais enfrentar as filas, basta marcar os produtos, pagar no cartão e eles trazem pra você!

Instalei um novo navegador também. O nome é RockMelt, funciona mais ou menos como o GoogleChrome, mas, além das funções habituais, ele automaticamente conecta o usuário ao Facebook e Twitter. Em uma barra lateral ele mostra os amigos on-line, atualizações, mensagens, chat, tudo! E sem precisar abrir as páginas das redes sociais! Tão prático!

Chamei uns amigos pra jogar imagem&ação aqui em casa – meu passatempo de carnaval. Não fiz uma ligação, marcamos tudo por e-mail. Tranqüilo.

Ah, e passei a semana toda sabendo das últimas notícias ao redor do mundo pela TV e computador. Acessível.

E aí fiquei sabendo dos horrores por causa dessa modernidade toda. E percebi que, assim como o supermercado, o navegador e a televisão, tem outra coisa parece estar ficando cada vez mais fácil: matar pessoas.

Matar gente parece cada vez mais banal. O povo quer me tirar do poder? Atirem! Meu amante me abandonou e não quer me dar 2 mil reais? Seqüestro e acabo com filha dele! Esses ciclistas não querem sair da frente? Eu passo por cima!

Fácil assim. Simples assim.

Desde quando a vida humana se tornou tão banal? Desde quando matar outro ser vivo ficou trivial? A capacidade do homo sapiens de destruir a própria espécie não é novidade, mas, embora nada justifique matar o próximo, parece que as razões dos agressores são cada vez mais estúpidas. Como se ninguém mais tivesse crivo nenhum, pra nada!

E algo me diz que não vai melhorar por enquanto.

Assim, esse post fica para expressar o meu lamento pelas vítimas e pelos agressores e os mais sinceros desejos de que nossa condição mude para melhor. Quando for possível.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Leonardo Da Vinci - Sophie Chaveau (Livro Reserva)

Uma das coisas que mais me interessa na vida é estudar a vida alheia. Não por fofoca ou mera curiosidade, mas porque acredito que conhecendo os traços (positivos e negativos) dos outros, podemos selecionar o melhor e excluir o pior pra nossa existência. Podemos aprender muito com pessoas que vieram antes de nós.

Já li diversas biografias. Fui de enfermeiras a rainhas, mas ainda não tinha estudado plenamente a genialidade. Sim, porque essa é a vida de Leonardo Da Vinci: genialidade pura.

A época em que Leonardo viveu se destacou, entre outras razões, pela disseminação da arte. Ainda assim, acho uma pena que os mais leigos só conheçam Da Vinci pela Mona Lisa. Particularmente, considero que a pintura não foi a maior de suas realizações.

E para aqueles que estão chocados com essa afirmação, dou dois conselhos: visitem o quadro em Paris e leiam o livro.

Eu aprecio a arte, acreditem, mas o cara estudou geologia, anatomia, botânica, astronomia, musica, matemática e arquitetura. Há projetos seus que só foram entendidos há alguns anos atrás e as pessoas ainda se preocupam com o significado do sorriso da Gioconda? Se questionam quanto à ele ter sido membro do Priorado do Sião porque Dan Brown disse que sim? Ah, tenham paciência!

Enfim, algumas amigas minhas brincam comigo dizendo que eu leio essas biografias porque estou estudando para ser gênio. Bom, o livro mostra que ser gênio exige, sim, muito estudo e não somente a genética elevada que alguns consideram importante. À elas, então, eu respondo que apenas acredito que há um lado de Da Vinci que poderia ser bem util à humanidade.


Oscar 2011

Nenhuma surpresa no Oscar desse ano. Inception ficou com os prêmios técnicos e parou por aí, Alice ganhou direção de arte, a única coisa realmente boa no filme e o resto foi para os favoritos. Eu não assisti ao Discurso do Rei, mas queria que o James Franco ganhasse melhor ator. Quanto à Natalie, achei merecido, especialmente porque o filme, de certa forma, fala sobre ela como atriz – ela ganhou o Oscar pela capacidade de fazer o cisne negro pela primeira vez na carreira.
O show sempre vale pelos vestidos; no mais, acho que o Oscar anda ficando chato sem surpresas. Então, pra não chatear mais ninguém com comentários, seguem os vencedores abaixo.

Melhor filme - The King’s Speech
Melhor Ator – Colin Firth (The King’s Speech)
Melhor Atriz – Natalie Portman (Black Swan)
Melhor Diretor – Tom Hooper (The King Speech)
Melhor Canção Original – Toy Story 3
Melhor Edição – The Social Network
Melhor Roteiro Adaptado – The Social Network
Melhor Efeitos Especiais - Inception
Melhor Documentário – Inside Job
Melhor Curta-Metragem - God of Love
Melhor Documentário de Curta-Metragem – Strangers no More
Melhor Figurino – Alice in Wonderland
Melhor Maquiagem – The Wolfman
Melhor Edição de Som - Inception
Melhor Mixagem de Som - Inception
Melhor Trilha Sonora Original – The Social Network
Melhor Ator Coadjuvante – Christian Bale (The Fighter)
Melhor Filme Estrangeiro – In a Better World
Melhor Roteiro Original – The King’s Speach
Melhor Animação – Toy Story 3
Melhor Atriz Coadjuvante – Melissa Leo (The Fighter)
Melhor Fotografia – Inception
Melhor Direção de Arte – Alice in Wonderland

domingo, 20 de fevereiro de 2011


127 horas

Fui assistir ao filme ontem.  Vi ao trailer e a história pareceu boa: uma história real sobre um cara que vai explorar um canyon, cai numa fenda, fica com o braço preso e não tem como pedir socorro porque não disse a ninguém para onde ia. São 127 horas da tensão psicológica que me atraiu para assistir.

No geral, o filme é bastante bom. Quer dizer, 1 ator, uma fenda e uma rocha por duas horas e eu não fiquei entediada! Excelente nesse sentido. Claro, nós vemos mais algumas pessoas porque ele se lembra da família, dos momentos que viveu e dos quais não vai viver porque acha que vai morrer, além de ter visões de como seria o seu futuro se saísse vivo dali. Na verdade, parece com alguma outra história de alguém que também ficou preso sozinho em algum lugar, mas dessa vez foi diferente. Essas idéias, pensamentos, visões que ele tem são desconexas, perdidas na mente confusa e assustada de alguém entre a vida e a morte. A tensão psicológica até aparece, é claro, mas de um jeito novo e um pouco mais realístico, eu imagino.

E, acreditem ou não, se consegue rir durante tudo isso. O cara tem um humor negro ótimo, um jeito meio negação meio depressão de encarar a morte que, embora seja terrível, faz o expectador parar de sofrer e esperar sempre o pior e encarar a coisa com certa conformidade, assim como ele mesmo estava tentando.

Claro, tem a parte do filme que precisa fazer dinheiro. Uma cena particularmente brilhante é o advertising do Gatorade. O cara está lá, a água está acabando, ele começa a guardar a própria urina para beber depois e então ele começa a viajar em pensamentos, atravessando mentalmente o deserto até chegar ao próprio carro onde deixou um Gatorade. E aí a cena corta pra ele podre, sedento e doente e, no outro lado da tela, o Gatorade geladinho, dentro do carro, esperando para ser bebido. Moral do filme? Nunca esqueça seu Gatorade, ele pode salvar sua vida! Muito bem feito, todos os comunicadores deveriam ver pelo menos essa parte e aprender a como divulgar um produto do jeito certo.

Tem uma outra moral: não esqueça nunca seu canivete suíço em casa. Se você precisar amputar o próprio braço, não vai querer fazer o serviço com algo made in China. Sim, porque, claro, pra sair dali vivo, só deixando o braço preso pra trás. Essa é a cereja do bolo. Aliás, uma bem feitinha – pelo menos a parte em que eu estava de olhos abertos para assistir. Claro, como eu esqueci de tampar os ouvidos, deu pra ouvir os gritos agoniados de dor e os ossos quebrando. Tortura. Mas tortura bem produzida, especialmente na parte em que ele tem que cortar os tendões. Terrível.  Não levem seus filhos ao cinema pra isso.

Aliás, falando em razões pelas quais as pessoas não deveriam levar os filhos nem a si próprias pra ver o filme – embora eu tenha falado bem dele até então –, há a verdadeira moral da historia.

Quem não quiser saber o final, pare por aqui.

Bom, depois de ele cortar o próprio braço, ele faz o caminho de volta e é resgatado. Ele sobrevive. Legal até aí, tanto porque eu não assisti ao filme pro cara morrer, quanto porque é realmente satisfatório saber que ele sobreviveu. Ele casa com a mulher com quem ele teve as visões na fenda e tudo! Lindo mesmo, uma história de superação. Ele tem até um filho!

E coloca um gancho no braço amputado pra continuar escalando.

Não, ele não aprendeu nada.

E o pior! Não aprendeu nada e ainda dá o péssimo exemplo pro filho! Sim, porque a moral da história é: continue arriscando estupidamente a própria vida, você vai dar sorte sempre, sobreviver sempre; basta nunca esquecer de avisar para onde vai! Isso mesmo! Inclusive, no final do filme, a gente é até informado que ele continua escalando, mas deixa um bilhete avisando pro caso de precisar de socorro.

Que alma obtusa faz um troço desses? O cara amputou o próprio braço, quase morreu e continua arriscando. E dessa vez ele não está mais sozinho no mundo, ele tem um filho! Uma criança que vai ficar sem pai porque o cara é um suicida (sim, gente, fazer esportes radicais podem ser considerado um comportamento suicida!). Eu quase entenderia a inconseqüência se ele nunca tivesse passado pela coisa toda, porque aí o sentimento de onipotência estaria mais preservado, a ilusão de “isso nunca aconteceria comigo” preservada. Mas não é o caso! Quantos avisos de que isso vai matá-lo ele precisa?

Esse filme é sobre uma pessoa de verdade e possivelmente reflete o caso de várias outras. Honestamente, eu desejo o melhor pra ele e para os demais que arriscam a vida por um pouquinho de adrenalina e algumas imagens bonitas que se acha no Google. Mas parece que ele não deseja o melhor pra si mesmo; não parece que ninguém que segue seu exemplo deseja. Um pouquinho mais de valor à vida faria toda a diferença e talvez não influenciasse tanta gente a quase se matar. Talvez não desse um filme, nem rendesse uma indicação ao Oscar e possivelmente o Gatorade não patrocinaria, mas haveria menos obituários por aí, menos filhos sem pais e bem menos sofrimento.

Bom, talvez um dia...

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Amor e Outras Drogas


Fui assistir o filme estrelado pela Anne Hathaway e pelo cowboy gay. Mais por ela do que por ele, na verdade. É um romance, nada de novidade. Conta a história de duas pessoas que não gostam de compromisso e que se apaixonam uma pela outra. É divertido em alguns momentos e tenta umas pitadas de drama no meio do caminho. Eu, particularmente, achei uma propaganda descarada de um laboratório que, certamente, patrocinou todo o filme.

A história é sobre ele – na verdade é sobre a Pfizer, mas não é pra ninguém saber, então não espalhem! -, que perde o emprego por transar com a namorada do chefe e se torna representante de um laboratório que produz, entre outras coisas, antidepressivos. No início, as coisas não vão muito bem, então ele a conhece e eles decidem ser o “buddy call” um do outro. Tudo vai indo muito bem enquanto eles vão se apaixonando.

E aí lançam o Viagra.

Sim, vocês leram bem, eu disse “Viagra”.

Essa parte eu achei brilhante. O filme se passa na época em que a “drug of sex” foi inventada. O cara compra uma Ferrari com a comissão que ganhou por causa das prescrições que conseguiu do medicamento! É um frenesi, todo mundo quer comprar. Os médicos que não davam nenhuma atenção ao similar do Prozac que ele costumava mostrar correm atrás dele por causa das pílulas azuis. Pra ele, nada poderia ser melhor. Eu, particularmente, não poderia ficar mais enojada com a podridão da saxão farmacêutica que foi apresentada.

Enojada porque é, provavelmente, a verdade.

Mas voltando ao filme... Quando ele está rico e já tem até coragem de dizer que a ama, começa o drama. Ela tem Parkinson, o que significa que, eventualmente, vai ser dependente dele. Essa parte é dramática porque é verdade. De fato, eu achei bem sucedida a idéia de inserir a “causa” no filme. Essa temática não é muito comum.

No fim, obviamente, ele decide que não se importa em ter que limpar a bunda dela no futuro porque ele a ama.

Eu lamento pelo comentário anterior, mas eu não o faria se, no filme, essa frase não tivesse sido dita praticamente com essas palavras. Eu achei terrivelmente ultrajante, até perceber que poderia ser a dura realidade. E isso não fez parecer menos ultrajante. Por isso eu disse que a inserção da “causa” foi bem sucedida.

Agora, é fácil fazer um filme assim, mostrando que ele a ama tanto que não se importa com o que acontecerá no futuro contanto que estejam juntos. Claro, no filme, o futuro não aparece! Eu queria que, pelo menos uma vez, eles mostrassem o futuro, pra variar. No filme, eles tentaram dar uma idéia de como seria e o que aconteceu foi que o cara saiu correndo duas cenas mais tarde. E aposto que seria uma se eles tivessem que editar.

Quero dizer, um romance é sempre bom pra dar um pouco de esperança para o público. Um dos meus professores uma vez me disse que as pessoas mais felizes são aquelas mais iludidas. E o tom dele ao dizer isso não tinha nada de sarcástico.

Mas romances existem? A vida real teria alguma coisa a ver com o que o cinema insiste em projetar? Ou o “felizes para sempre” é apenas a ilusão que impede que alguns de nós precisem usar o Prozac e as pílulas azuis?

E mais importante: queremos ser iludidos felizes ou realistas deprimidos? Existe um meio-termo?


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Golden Globe 2011

A essa altura vocês já devem ter percebido que eu passo boa parte do meu tempo livre assistindo filmes e séries, não? Assim, o mais natural é que eu tenha tirado uns minutinhos da vida pré-entrega de dissertação de mestrado pra assistir ao Golden Globe.

Então, sem mais delongas, seguem os vencedores desta noite. A lista abaixo está em vários sites, inclusive no Omelete. Para visualizar, clique aqui.

Tenho alguns comentários aqui. Claro que, a essa altura, vocês também devem ter percebido que eu sempre tenho algo a dizer. Esse ano, no geral, fiquei satisfeita.

Vamos começar com Glee. Eu aprovo cada uma das indicações e dos vencedores. Eles ganharam três das cinco categorias para as quais foram indicados e merecem cada uma dessas vitórias- incluindo melhor série de comédia! E os prêmios para a Sue e Kirt me deixaram simplesmente muito alegre. Agora, porque eles perderam as outras duas categorias?

1- Por que o Jim Parsons (The Big Bang Theory) faz um Sheldon impecável e muito melhor que o Will de Mattew Morrison (Glee). Suponho que o papel de gênio com Asperger seja mais propício à qualquer prêmio do que o professor do coral, de qualquer forma.

2- Porque alguém achou que a Laura Linney (The Big C) era melhor que a Lea Michele (Glee).

Isso me leva a outro comentário. Eu vejo The Big C. Foi meio relutante meu posicionamento de começar a assistir, pra ser honesta, mas o humor negro me atraiu, admito. Eu gosto da Laura Linney, o que ajudou na decisão, mas estou longe de apoiar a idéia de que ela é melhor que a Rachel de Lea Michele! Na série, ela não faz nada muito diferente do que fez em seus outros filmes. A atuação é boa, mas não é digna de prêmio! Eu fiquei surpresa de ela ter sido indicada! De fato, acho que nem ela achou que ia ganhar, porque nem apareceu na premiação...

Agora, mesmo que eu não tenha assistido a nenhuma das produções cujas atrizes vou citar a seguir, acho extremamente ofensivo que a Claire Danes (a quem eu realmente, realmente admiro e torço por) vença uma disputa em que a outra concorrente seja a Judi Dench. Simplesmente inaceitável. A simples existência de uma acaba com as chances da outra, não importa em que contexto!

Mas tudo bem, fiquei mais conformada depois que vi que existe justiça num mundo em que o Johnny Depp – outro dos meus favoritos – foi indicado para o mesmo prêmio por duas produções diferentes – 2 chances em 5 – e perdeu! A punição ideal por concordar em fazer um filme com a Angelina Jolie – que, aliás, estava particularmente linda essa noite. Só teria sido mais perfeito se tivesse perdido pro Kevin Spacey. Haha, já imaginaram?

Os meus ganhos pessoais desta noite foram Rede Social vencer por melhor filme e a vontade que me deu de ver Black Swan. Quer dizer, eu adoro a Nathalie Portmann (sem razão nenhuma, porque como atriz ela é ótima bailarina), mas qualquer filme que dê a ela uma estatueta precisa ser um milagre!


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Lembra de Mim - Sophie Kinsella (Livro Reserva)

Oi, pessoal! Feliz 2011!!!

Bom, como relatei em meu último post – no ano passado :P -, entrei no Desafio Literário 2011 (mais por precisar regrar minhas leituras do que por achar que eu realmente tenho a chance de algum prêmio). Enfim, o primeiro item da lista, para janeiro, eu já li – aproveitei os primeiros e poucos dias de férias que eu tive pra isso.

Sophie Kinsella é bem conhecida, especialmente agora que seu livro “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” chegou aos cinemas. Eu já havia lido todos os livros da autora, inclusive o último “Twenties Girl”, que eu comprei em Londres quando havia acabado de ser lançado por lá (lançamento, £3,99 – dá pra acreditar?). No Brasil, só chegou há alguns meses. Porém, a sinopse de “Lembra de mim” não havia me atraído muito, de forma que fui adiando a leitura e já que o tema de janeiro é “literatura infanto-juvenil”, decidi ler o único livro da autora em que ainda não tinha posto meus olhos.

Segue, abaixo, então, a resenha. Enjoy!


Lembra de Mim - Sophie Kinsella (Livro Reserva)

A história fala de Lexi, uma jovem de 28 anos que sofre um acidente de carro e perde a memória de seus últimos três anos de vida. Quando ela acorda no hospital, sua última lembrança é de 2004 (o livro é de 2007) quando ela tinha dentes tortos, um emprego mau valorizado, cabelos sem brilho, amigas fieis, um namorado idiota, unhas roídas e alguns quilinhos a mais. Ao acordar, ela tem um marido milionário, um cargo importante no trabalho, unhas e cabelos belíssimos e um corpo perfeito.

Passamos algumas dezenas de páginas achando, aquela, a vida dos sonhos e como o gênero de Sophie Kisella sugere, a gente começa achar que deve haver algo de muito errado com tudo. Descobrimos, então, que ela é a “chefa” mais detestada que existe, perdeu as amigas e que seu marido é quase como um utilitário, tem até manual de instrução – literalmente. Ah! E ela tem um amante.

Sim, um amante lindo, romântico que vira tudo de pernas pro ar – exatamente como deveria ser.

Entre idas e vindas e todo o desespero que cada um das obras da autora incita, Lexi luta para encaixar sua vida e encontrar suas memórias, com muita dificuldade. Não vou contar se ela recupera as lembranças ou não, mas devo dizer que gostei do final.

Acho que a maior mensagem do livro é que nenhuma vida dos sonhos é completa se você não se reconhece dentro dela. Por mais difíceis que sejam as coisas, precisamos estar de acordo com o que somos porque, no fim das contas, é isso que vale, não é? Teremos que conviver conosco pra sempre! Então, o ideal é que sejamos a melhor versão de nós mesmos.