quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dentro da Torre

Estive pensando em algumas coisas durante o último feriado. Eu sempre uso os feriados para ficar baixando séries e assistindo a vídeos antigos. Nada nesse mundo me deixa mais nostálgica.

Enfim, estava eu, passeando pela internet quando esbarrei em um vídeo montagem com uma música da Colbie Calliat de fundo. Qual não foi minha surpresa quando me dei conta que era um remake de uma das músicas da Pequena Sereia?

Sério mesmo! Alguém pensou "Ei, não tem musica original? Cante uma da Pequena Sereia e vai dar tudo certo!"

Como assim?????

Mas tudo bem, porque esse não é o ponto.

A questão é que eu resolvi assistir o vídeo. Era sobre um casalzinho de quem eu era fan quando novinha, aí eu fiquei vendo as cenas com a música da Pequena Sereia ao fundo e aquela aura de magia e felicidade me atingiu.

E aí eu fiquei me perguntando: onde é que foi parar aquela esperança toda? Aqueles sonhos? A sensação de que existia o "felizes para sempre" e o "príncipe encantado"... Eu nunca gostei muito da idéia do cavalo branco, mas se vem no pacote, porque não?

Agora, sinceramente, quantas de nós realmente acreditam, ainda, que existe um príncipe por aí, nos procurando com o único objetivo de nos resgatar da torre que nos aprisiona? De fato, eu diria que muitas de nós acharam que esperar pelo cara estava sendo cansativo e resolveram abrir um escritório lá em cima. Quer dizer: sejamos práticas! Se ele não vem, vamos ocupar nosso tempo com algo que valha a pena. Ficar dormindo não paga as contas!

Aliás, porque é que resolvemos pagar as contas pra começar? Quer dizer, eu nunca concordei com isso! Eu não estava lá quando aquelas doidas resolveram queimar o tal sutien. A quem elas achavam que estavam ajudando???

Sabem, há tempos eu já venho concluindo que a revolução feminina foi uma invenção masculina. Quer dizer, quem foi que se beneficiou de nossas expectativas românticas baixarem e nossos desejos ficarem mais práticos? ELES! Aqueles bastardos! Reclamem o quanto quiserem, mas o esforço é muito menor agora que nós fazemos questão de pagar metade da conta!

Vejam bem, eu sou a primeira a exigir a divisão da conta e praticamente não ligo pro fato de que raramente alguém se presta a abrir a porta do carro pra mim. Eu tenho meu emprego e pago as minhas contas orgulhosíssima de tudo que conquistei por mim mesma, mas aí, um belo dia, a Colbie Calliat resolve fazer um remake me lembrando de um tempo em que eu não fazia tanta questão de tudo isso. Que eu não sabia que a civilização exigiria tudo isso de mim.

De um tempo em que eu podia sonhar com o "true love's kiss".

O que mais me deprime é que se eu perguntar sobre a existência disso a cada uma das mulheres que eu conheço, elas vão me dissuadir da idéia em um segundo. "Seja realista", elas vão dizer. Talvez - e provavelmente - elas tenham razão. A realidade não é assim, possivelmente nunca foi - e por isso é que resolveram queimar o sutien: já não fazia mais sentido viver na mentira, era melhor se contentar com a realidade.

Mas se formos ser honestas com nós mesmas por um breve instante (não precisamos contar pra ninguém), será que não há, no fundo, um desejo de que o conto de fadas pudesse ser real? E será que ele não poderia ser se nós não passássemos a vida toda afirmando estarmos, por livre e espontânea vontade, plenamente satisfeitas dentro daquela torre?

domingo, 5 de setembro de 2010

Momento Saudosista

Uma vez ou outra, eu sou tomada por um espírito saudosista incontrolável. Inspirada pelos últimos acontecimentos da minha vida e estimulada pelo feriado, resolvi ir atrás de umas séries antigas que eu assistia há mais de 10 anos.

Agora, deixem-me ter um momento aqui para falar da maravilha que é a internet. Não que a essa altura eu precise convencer alguém, mas 10 anos atrás, quando eu assistia a essas séries, não era tão fácil assim ter um computador, muito menos internet. De fato, a minha internet da época, discada, era uma sensação na cidade onde eu morava. Bons tempos aqueles em que eu passava madrugadas na frente do pc...

Ops! Eu ainda passo madrugadas na frente do pc... Bom, algumas coisas não mudam...

Mas voltando a internet: hoje em dia localizar qualquer coisa é muito simples. Os vídeos que eu queria estão todos online e, já que eu não quero me registrar em uma dúzia de sites pra conseguir baixar, sempre se pode contar com o youtube pra conseguí-los.

Nesse último fim de semana voltei aos meus 10 anos e andei assistindo "The secret world of Alex Mack". É a história de uma menina que adquire poderes depois de ser acidentalmente banhada em um produto químico.

Sim, aparentemente, eu sempre gostei de história de pessoas com poderes.

Enfim, lá estava eu assistindo ela mover objetos com a mente e transformando-se em geléia quando me dei conta da sensação familiar de plena felicidade. Sabem, aquela sensação de que tudo é muito simples? De que há esperança? De que há algo mágico e maravilhoso esperando por nós? Acho que é a sensação de infância.

Só pode ser! Porque a série não é grande coisa, provavelmente nunca foi, mas a gente não assiste com nossa parte racional, mas com a emoção. Na verdade, suponho que não somos nem nós assistindo, ou pelo menos não o "nós" de hoje. É a criança de 10 anos que está assistindo... assistindo e torcendo para ser quase atropelada por um caminhão cheio de produto radioativo.

Sim, porque a consequência disso não é câncer, são super poderes!

Claro que era estúpido, mas eu sou a única aqui que sente falta daquilo? Daquela criança que não tinha nada no mundo pra se preocupar além daqueles 20 minutos na frente da TV? Bom, eu ainda gosto de, algumas vezes, voltar para uma época em que o mundo podia ser simplesmente mágico...