quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"Eu queria ser descoberta"

A frase não é minha, vejam bem. É importante dar o crédito a quem pertence. É parte do meu código moral e ético (uma parte que eu adicionei logo após o segundo grau - do contrário, como é que eu ia fazer os trabalhos de geografia?).

Mas eu estava falando da frase. Sabe quando você conhece alguém e pensa que a criatura não vai falar nada que sirva? Eu fico satisfeita quando percebo que o mundo ainda me surpreende às vezes. Fui pra Londres no mês passado - uma viagem/sonho/fuga que eu andava planejando há algum tempo - e tive a oportunidade de conhecer uma corinthiana no meio do caminho. Eu sinto que deveria escrever um post exclusivo sobre os corintianos um dia desses, mas não vou me prender nisso por hora. O ponto é que a menina, embora legalzinha em muitos aspectos, tinha um ar negativista que ela alegava ser realismo (um dia também vou escrever um post sobre a diferença entre uma coisa e outra). Então, um belo dia, ela me saiu com essa frase: "eu queria ser descoberta".

Foi, provavelmente, a melhor coisa que eu ouvi dela. O discurso - porque sempre tinha um discurso -, seguiu: "eu queria estar, um dia, no meio da rua, engraxando sapatos ou algo assim, e então, do nada, alguém chega e diz que eu sou perfeita pra alguma coisa; tipo atuar ou cantar...seria tudo bem mais fácil!"

Na hora eu ri - eu ria sempre porque se eu levasse ela muito a sério eu me irritava -, mas depois me dei conta a que ela se referia. Seria mesmo bem mais fácil, de fato. Não é assim que as pessoas ficam realmente ricas? Alguém descobre que elas sabem memorizar texto e fazer caras e bocas na frente de uma câmera - e alguns nem muito bem, diga-se de passagem. Ou alguém descobre que elas sabem andar pra lá e pra cá com pedaços de pano e têm tendência a anorexia. Ou, ainda, alguém descobre que elas sabem contar uma boa história - às vezes, nem tão boa assim.

Agora, eis o meu problema: eu nunca achei que fosse ficar milionária com a minha profissão e gosto muito dela pra largar; não tenho perfil (leia-se: altura e magreza) pra modelo, tampouco tenho interesse na fama dos atores e não pretendo entrar pra política. Assim, só me resta escrever uma boa história.

De fato, escrever sempre foi uma idéia que cruzou a minha mente e, embora meu interesse maior se apresente no sentido de fazer alguma diferença no mundo com meus textos, primeiro, eu preciso que alguém resolva que isso tudo vale a pena. Ou ficar rica, o que vier primeiro. Em qualquer um dos casos, como diria a criatura corinthiana, é preciso ser descoberta.

Minha última - e única - esperança é a internet. Afinal, tem jeito melhor de "ser descoberta" hoje em dia? Engraxar sapatos está ultrapassado... Além disso, o blog é de graça e tudo que eu preciso fazer é escrever nele. E, como diria minha tia, eu pareço ter muito a dizer. Então, até que eu adicione uma nova cláusula (ou me lembre de uma que já existia) no meu código moral e ético sobre o porquê de não espalhar opiniões na internet, o blog fica no ar.

Ou até eu ser descoberta... quem sabe?!?

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