sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Opinar ou não opinar... eis a questão

Esses dias estive lendo a coluna do Paulo Sant’Ana na Zero Hora. Falava a favor da Eutanásia, um tema que interessa o colunista. Não vou dizer que fiquei surpresa com o que li porque não considero Paulo Sant’Ana tanto assim para ter expectativas e me chocar. Não me entendam mal, respeito muito o profissional que ele é e leio com frequência o que ele escreve, mas não me dou ao trabalho de fazer mais do que isso. Ainda assim, devo dizer que não esperava o que li naquela coluna.

Vejam bem, eu não concordo, nem discordo da opinião do colunista. De fato, confesso que Eutanásia é um dos temas sobre o qual eu ainda não consegui formar uma opinião. Não me refiro, neste post, a opinião expressa na coluna, mas sobre o fato de que ele opinou.

É claro que eu sei Paulo Sant’Ana sempre foi bastante – até demais, algumas vezes, se me permitem dizer – posicionado acerca dos assuntos dos quais falava a respeito. Suponho que tenha sido isto que o tenha levado tão longe, afinal. Tal característica não me incomoda em absoluto, visto que também a possuo, muitas vezes, também, em excesso. Contudo, me preocupa expressar opiniões quando sei que elas serão divulgadas em larga escala.

Eu sei, eu sei! Isto, vindo de alguém que publica um blog na internet, talvez soe um pouco hipócrita. Porém, posso garantir que antes de postar qualquer coisa aqui, tomo o cuidado de checar as insformações e ter certeza de que não falei nada que possa ser utilizado ou interpretado de forma negativa e evito temas demasiadamente polêmicos, só pra garantir. Até onde vão os meus limites, tenho controle sobre o que escrevo. Além disso, sejamos honestos, ninguém deve ler esse blog realmente, ou dar qualquer importância. Ou vocês estão vendo muitos seguidores na coluna ao lado?

Publicar na Zero Hora, sendo uma figura publica, contudo, tem um caráter diferente. Milhares de pessoas lêem a coluna de Paulo Sant’Ana regularmente e me atrevo a dizer que ele tem alguma influêcia sobre seus leitores. De fato, minha professora de português, da época da escola, sempre se inspirava nele e em Martha Medeiros para discursar sobre muitos assuntos – muitas vezes, inclusive, distantes da língua que ela se propunha a ministrar. Imaginem como as opiniões destas figuras influenciaram as mentes adolescentes que uma professora querida “moldava” em seu espaço na sala de aula. Não se enganem com a teimosia; adolescentes podem ser tão moldáveis quanto uma dona de casa que assiste a novela das oito. E se você é adolescente e está lendo este post, revoltado, just get over it.

Enfim, meu ponto, é que ter uma posição tão forte acerca de um tema tão polêmico e publicá-la em um jornal de grande circulação, sendo uma fugura que influencia pessoas, embora pareça ousadia a olhos ingênuos, na minha opinião, pelos motivos que já expressei acima, não passa de uma tremenda irresponsabilidade. As pessoas deveriam ter mais cuidado com o que saem falando por aí; ninguém sabe quem pode estar escutando. A expressão “as paredes têm ouvidos” coloca, implicitamente, que elas podem fazer algo muito terrível com a informação. Ora, se as paredes tem ouvidos, seres humanos escutam, enxergam, farejam, falam e aniquilam.

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